Tacet, de Guilherme Dable

Apresentação no Centro Cultural São Paulo, outubro de 2008

Apresentação no Centro Cultural São Paulo, outubro de 2008

Tacet significa ‘silêncio’, em linguagem musical. Como em 4’33”, de John Cage.
Na performance, há pessoas fazendo música. Há músicos, em suas pesquisas de timbres e sonoridades, lidando também com as possibilidades que proponho ao colocar papéis em locais específicos de seus instrumentos. As possibilidades sonoras são reconfiguradas constantemente, seja através das muitas trocas de instrumentos no palco, ou pela constante intereferência dos papéis que coloco, por exemplo, por entre as cordas da viola. Ou obstruindo completamente a visão das teclas de um vibrafone. Tais papéis são, ao mesmo tempo, barreira e possibilidade: se, em alguns casos, comportam-se como uma barreira física e visual entre os improvisadores e seus instrumentos, novas possibilidades sonoras se abrem a partir desse anteparo, que é ao mesmo tempo um suporte de desenho. Os papéis, intercalados com folhas de papel carbono, registram a ação feita sobre os instrumentos.
O gesto do desenho é o gesto do músico. As notas buscadas podem estar cobertas por camadas de papel, lançando os improvisadores em momentos de vôo cego, com resultados sonoros diferentes dos que eles costumam obter. Os papéis são combinados entre diferentes instrumentos, diferentes momentos da performance, criando assim uma série de documentos do trabalho. Uma espécie de partitura ininteligível, um conjunto de mapas de percursos sonoros, que são dispoTastos às vistas do público na medida em que são considerados prontos. Na performance, há pessoas fazendo desenhos, que registram um diálogo entre improvisadores, em áreas distintas de pesquisa.

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